19/08/2011


19/08/11

Praça de Cibeles repleta para receber Bento XVI

Organização espera milhares de jovens para as boas-vindas ao Papa em Madrid

Centenas de milhares de jovens estão reunidos desde as primeiras horas de hoje na Praça de Cibeles, centro de Madrid, para participarem na celebração de boas-vindas a Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011.
A poucas horas do evento, os participantes ensaiam cânticos, dançam e assistem a projeções de vídeo, enquanto procuram o melhor lugar para ver o Papa, que seguirá desde a Nunciatura até à Porta de Alcalá, pouco antes da emblemática praça.
Bento XVI vai plantar uma oliveira neste primeiro encontro com os jovens, junto à porta, para criar “um sinal visível do enraizamento que é o lema destas jornadas”, indica o guia das celebrações litúrgicas publicado pelo Vaticano.
Bento XVI chegou à capital espanhola às 12h00 (menos uma em Lisboa) e vai encontrar-se com os jovens vindos de mais de uma centena e meia de países a partir das 19h15, atravessando a referida porta, na Praça da Independência, acompanhado pelo arcebispo de Madrid, cardeal Rouco Varela, e por 50  jovens representantes dos cinco continentes, a caminho da Praça de Cibeles.
Esta porta monumental, mandada construir pelo rei Carlos III, servia no século XVIII como entrada a todos os que ali chegavam, provenientes do resto da Europa.
Apesar das várias estradas cortadas e de uma greve parcial do Metro de Madrid, os jovens continuam a acorrer em grande número ao local, onde a animação começou às 14h00.
Na Porta de Alcalá, Alberto Ruiz-Gallardón, presidente do município de Madrid, vai entregar as chaves da cidade ao Papa.
Segue-se um pequeno momento de oração, no qual vão ser lembrados “todos os perseguidos por causa do evangelho”, para além dos “pobres e marginalizados”, os que “não têm casa nem trabalho” ou os que “passam fome e sede”.
Esta é a terceira visita de Bento XVI a Espanha, após as passagens por Valência (2006), Santiago de Compostela e Barcelona (2010).
Trata-se também da terceira viagem do atual Papa à cidade que acolhe as JMJ, depois de Colónia (Alemanha, 2005) e Sidney (Austrália, 2008).
A JMJ 2011 decorre desde terça-feira e até domingo, na capital espanhola, onde são esperados mais de um milhão de peregrinos, a quem se vai juntar o Papa Bento XVI, nos últimos quatro dias do maior evento juvenil organizado pela Igreja Católica.
O portal Agência ECCLESIA está a acompanhar 26ª edição da Jornada Mundial da Juventude com uma onde além de notícias atualizadas se inclui a  criada para o evento, bem como vídeos e ligações para as emissões em direto de televisão e rádio.


O Papa denunciou hoje as injustiças por motivos religiosos que vitimam os cristãos, durante o primeiro  que proferiu em Espanha, onde até domingo participa na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Há muitos que, por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países”, afirmou o Papa no aeroporto de Barajas, em Madrid, minutos depois de chegar à capital espanhola.
Bento XVI criticou também as ideologias que querem afastar os jovens de Cristo, “privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome”, tendo apelado aos fiéis para se manterem firmes na fé.
“Volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: Que nada e ninguém vos tire a paz, disse o Papa, que apelou a um testemunho dos católicos “sem ocultar a própria identidade cristã, num clima de respeitosa convivência com outras legítimas opções e exigindo ao mesmo tempo o devido respeito pelas próprias”.

O discurso lembrou os problemas experimentados pelos jovens, nomeadamente a “dificuldade de encontrar um trabalho digno”, a perda de emprego ou um estatuto laboral “muito precário”, enquanto que outros “precisam de prevenção para não cair na rede das drogas, ou de uma ajuda eficaz, caso desgraçadamente já tenham caído nela”.

A intervenção salientou os objetivos da viagem à capital espanhola: “Venho aqui para me encontrar com milhares de jovens de todo o mundo, católicos, interessados por Cristo ou à procura da verdade que dê sentido genuíno à sua existência”.
A pertença religiosa “revigora os jovens e abre os seus olhos para os desafios do mundo onde vivem, com as suas possibilidades e limitações”, frisou o Papa, que aludiu à “superficialidade”, “consumismo” e “hedonismo imperantes”, bem como à “banalidade na vivência da sexualidade”, “egoísmo” e “corrupção”.
Os jovens “sabem que, sem Deus, seria difícil afrontar estes desafios e ser verdadeiramente felizes”, afirmou Bento XVI, depois do discurso de boas vindas proferido pelo rei Juan Carlos.
O encontro, assinalou o Papa, constitui para os jovens “uma ocasião privilegiada para colocar em comum as suas aspirações, trocar reciprocamente a riqueza das suas culturas e experiências” e “animar-se mutuamente num caminho de fé”, no qual, ressaltou, “não estão sozinhos”.
Depois de salientar que a JMJ traz uma “mensagem de esperança” que traz “confiança face ao amanhã da Igreja e do mundo”, Bento XVI disse que é “urgente” ajudar os jovens a “permanecerem firmes na fé e a assumirem a maravilhosa aventura de anunciá-la e testemunhá-la abertamente com a sua própria vida”.
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses

Bento XVI recusa educação utilitária e desafia professores a serem exemplares para os alunos

«Quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos»


Bento XVI na basílica de São Lourenço do Escorial. 19-08-2011
Bento XVI alertou hoje para os perigos de um ensino superior baseado exclusivamente no utilitarismo, tendo desafiado os professores universitários a serem exemplares para os alunos e a procurarem a verdade com humildade.
“Quando a mera utilidade e o pragmatismo imediato se erigem como critério principal, os danos podem ser dramáticos: desde os abusos duma ciência que não reconhece limites para além de si mesma, até ao totalitarismo político que se reanima facilmente quando é eliminada toda a referência superior ao mero cálculo de poder”, sublinhou.
As afirmações foram proferidas esta manhã na basílica de São Lourenço do Escorial, a 50 km de Madrid, perante 1500 jovens docentes do ensino superior inscritos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), provenientes de instituições católicas espanholas e de outros países.
A “genuína ideia de universidade” evita a “visão reducionista e distorcida do humano”, integrando “um ideal que não deve ser desvirtuado por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a um lógica utilitarista de simples mercado, que olha para o homem como mero consumidor”, frisou.

Na  proferida no mosteiro do século XVI, “testemunho eloquente” de uma “vida de oração e estudo”, o Papa salientou que a universidade deve continuar a ser “a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana” e recordou que não foi “uma casualidade” ter sido a Igreja a promovê-la.

Os professores, vincou Bento XVI, têm a “honra e a responsabilidade” de transmitir um ideal recebido dos “mais velhos, muitos deles humildes seguidores do Evangelho e que, como tais, se converteram em gigantes do espírito”.
“Devemos sentir-nos seus continuadores, numa história muito diferente da deles mas cujas questões essenciais do ser humano continuam a exigir a nossa atenção convidando-nos a ir mais longe”, disse o Papa no interior do monumento em cuja cripta estão enterrados os reis de Espanha.
O discurso, proferido após a saudação do arcebispo de Madrid, cardeal Rouco Varela, e de um estudante, ressaltou a importância da “exemplaridade que se exige de todo o bom educador”, apelou aos professores para serem “estímulo e fortaleza” para os estudantes e acentuou que o ensino “não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens”.
O termo “verdade”, utilizado 15 vezes na tradução portuguesa da alocução, pontuou a intervenção do Papa, que insistiu na necessidade de a procurar através da “inteligência e do amor, da razão e da fé”, ainda que ela esteja “para além” do alcance do ser humano.
“Podemos procurá-la e aproximar-nos dela, mas não possuí-la totalmente; antes, é ela que nos possui a nós e estimula”, referiu, acrescentando que “a humildade é também uma virtude indispensável, pois protege da vaidade que fecha o acesso à verdade.”
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza até domingo sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses.

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